Sobre este projecto de escrita
Olá! Sou a Patrícia e adoro escrever.
A escrita começou cedo a fazer parte da minha vida, na adolescência, depois como jornalista, como coordenadora editorial, como autora e co-autora de livros e até como mãe.
Há coisas que pus e não pus no currículo...lê mais sobre mim aqui.
O que é a Escrita Selvagem®
Na Escrita Selvagem® começamos com um poema que nos inspira e abre as portas da imaginação. Depois, fazemos períodos cronometrados a escrever rapidamente, não deixando que a mente estratégica interfira. Apenas seguimos a nossa intuição e tudo o que conseguimos ver é uma palavra a seguir a outra, dizendo sempre que sim ao que está para vir. Com a caneta escavamos e, com alguma sorte, atingimos aquela fonte secreta que há muito se quer fazer ouvir. Tens coragem de a escutar? Tens coragem de a partilhar?
Fundamental para esta prática de escrita é a vulnerabilidade. Depois de escrever, partilhamos o que escrevemos. Sim, pode parecer assustador de início, mas com o tempo, esta partilha torna-se parte da prática e da sua beleza. Principalmente porque o grupo não comenta nem critica, apenas escuta. Criamos um ambiente seguro, em silêncio. E podemos aprender tanto uns com os outros se permitirmos esta abertura. Basta termos um pouco mais de coragem do que temos de medo.
Sem nos importarmos com aquilo que o mundo possa pensar de nós, a página é nossa. Amiga, confidente, não nos julga. Todos podemos escrever de forma simples e honesta, e daí saírem histórias lindíssimas. De facto, quanto mais soltarmos a ideia de “escrever bem”, melhor escrevemos. O caminho para a Beleza não é através da perfeição.
Porquê 36 Palavras
Comecei a fazer Escrita Selvagem® no início da pandemia, em 2020. Uma amiga do Facebook publicou um texto a dizer que tinha cancelado a sua subscrição da Amazon Prime para fazer um desafio de 27 dias de Escrita Selvagem® e eu fui espreitar. Gostei de ideia e decidi lançar-me no desafio também. Mas escrever tantos dias seguidos numa altura em que, como tanta gente, não me sentia motivada pelas óbvias razões, nem sempre era fácil.
Poucos dias depois, uma outra amiga - e querida professora - publicou também no Facebook que pretendia escrever um post para o seu blog acerca de como, sofrendo de várias incapacidades físicas, estava a viver o confinamento. Contudo, estando precisamente mal de saúde a gerir essas mesmas incapacidades, escreveu apenas 37 palavras:
Esta Vida Coxa do Confinamento
Difícil, a semana passada.
Sempre pensei como seria se não tivesse acesso a terapias e natação.
Falsa sensação de segurança.
Colapso.
Entre negação e a catastrofização.
Paciência.
Sê como um animal. Descansa.
Olha para o céu.
Uma seguidora sua afirmou nos comentários que o curto formato era uma lufada de ar fresco no mar de informação em que vivemos e desafiou-a a escrever, da próxima vez, 36 palavras, ao que ela anuiu:
Esta Vida Coxa do Confinamento: 2
Na semana passada fui ao osteopata.
Que alívio! Ajudou.
Mesmo assim.
Os dias confundem-se uns com os outros.
Uma sinfonia de dor e prazer.
Às vezes surfo, às vezes luto.
Continuo a olhar para o céu.
Isto pareceu-me absolutamente possível de fazer! Numa fase em que a minha escrita precisava de um empurrão, mesmo que não escrevesse mais nada, poderia, certamente, escrever 36 palavras por dia! Peguei num bloco bonito, preto e dourado e comecei a jornada. Quando em 2021 arranquei com o meu próprio programa de escrita, dei-lhe o nome... 36 Palavras. E estava longe de imaginar que, vários anos depois, este pequeno formato, tão pequeno mesmo, ainda estaria comigo a encher cadernos.
Estou grata à Laurie Wagner por, na altura da pandemia, ter levado a sua prática presencial de tantos anos para o formato em linha, ter lançado a "Wild Writing Family" (que continua a crescer em conexões e Beleza) e me ter ensinado tanto, quando fiz a sua Formação de Professores. E eternamente grata à Vidyamala Burch, pelas suas 36 Palavras.
Os textos citados acima de Vidyamala Burch foram traduzidos e aqui reproduzidos com a devida autorização da autora.